Como as crianças aprendem?
As especificidades das crianças.
As crianças brincam isso é o que as caracteriza. Construindo com
pedaços, refazendo a partir de resíduos ou sobras, na brincadeira, elas
estabelecem novas relações e combinações. As crianças viram as coisas pelo
avesso e, assim, revelam a possibilidade de criar (KRAMER,2007 p.17).
Dificilmente
alguém discordaria dessa especificidade que as crianças tem, quem convive com
elas bem sabe do que elas são capaz, quem nunca viu a caixa de um produto que
para um adulto não passava de lixo se transformar num avião e garrafas pet ser
um caminhão, ou o cabo de vassoura virar cavalo. O poder de imaginação que as crianças
tem é realmente algo fantástico, o que não se pode esquecer é que os adultos
também podem desfrutar desse faz de conta, até porque todos já foram crianças
algum dia e mais do que poder, os adultos que contribuem para formação pessoal
dessas crianças – pais e professores – devem aguçar essa capacidade e se
colocar no lugar da criança tentando enxergar as coisas do seu ponto de vista,
começar a olhar as coisas do modo que a criança enxerga seu mundo de criança e
o mundo dos adultos também. Segundo Kramer (2007 p.19) “Atuar com as crianças
com esse olhar significa agir com a própria condição humana, com a história
humana.” Isso produz uma situação de aprendizado, podemos aprender com as
crianças a brincar, a colocar o mundo de cabeça para baixo e os conhecimentos
que adquirimos com as crianças e da infância nos possibilita continuar sendo
sujeitos críticos da nossa própria história. Evidentemente não podemos deixar
de analisar o contexto em que as crianças estão inseridas, quais suas práticas
e valores, pois isso seria fundamental na construção daquilo que queremos
transmitir na prática educativa.
A brincadeira além de ser uma forma de produzir aprendizado é muito
prazerosa, podemos aprender brincando ou brincar de aprender. A imitação ou o
faz de conta interferi no desenvolvimento e aprendizagem da criança de forma
positiva, o processo de imitação visto em primeiro momento até parece ser
apenas a copia de uma situação real, mas não é. A imitação feita por uma
criança de uma situação real provoca na criança uma reconstrução individual,
por isso falando de um teórico que deu uma grande contribuição para o
entendimento da relação entre desenvolvimento e aprendizado Oliveira pode
afirma: “Vygotsk não toma a atividade imitativa, portanto como um processo mecânico,
mas sim como oportunidade de a criança realizar ações que estão além de suas
próprias capacidades, o que contribuiria para o seu desenvolvimento.” (OLIVEIRA
1997p. 97) Imitar, por exemplo, o modo de escrever dos adultos levará a criança
a amadurecer os processos que fará com que ela aprenda a escrever. Por isso a
brincadeira não deve ficar á parte no processo de formação escolar, não deve
ser utilizada só para ocupar o tempo não planejado, há muitas produções
teóricas significativas falando da importância da brincadeira, não podemos
encará-la como algo ingênuo e sem sentido.
A brincadeira nos ajuda também a conhecer melhor as crianças e o meio cultural no qual
elas estão inseridas, as crianças estão situadas em um contexto histórico e
social cheio de significados e construídos a partir de valores, atividade e
objetos produzidos que são compartilhados com os outros que as cercam, por isso
incorporam a experiência do brincar por meio das relações com os outros sejam
eles adultos ou crianças e Borba afirma que essa experiência “cruza diferentes
tempos e lugares, passados, presentes e futuros, sendo marcada ao mesmo tempo
pela continuidade e pela mudança.” (BORBA 2007p. 36). Olhar de forma mais
meticulosa para esse ato tão comum entre as crianças abri a possibilidades para
uma nova postura do professor frente o ato de brincar e isso contribui
significativamente para uma nova prática pedagógica, pois isso essa observação
nos possibilita planejar as nossas ações de forma mais significativa.
Segundo Viana (2002 p.57) trabalhar com
crianças exige dos profissionais que trabalham com essa etapa da vida humana
mais do que competências, exigi comprometimento e é fundamental que o educador
esteja preparado para o trabalho de educar compreendendo as formas como a criança
aprende e os meios para ajudar a criança a manifestar as suas habilidade e
tendências, para isso o professor precisa aprimorar sua sensibilidade e os
conhecimentos vistos na formação. As contribuições cientificas a respeito do
desenvolvimento humano são muitas nos nossos dias, por isso já podemos entender
que a infância é uma fase em que
contribui para a formação da personalidade e da autonomia do ser humano.
Portanto a responsabilidade daqueles que participam e contribuem nesse processo
é muito grande.
É interessante destacar que não é
somente a intervenção do adulto – professor ou os pais – que beneficia o
desenvolvimento e a aprendizagem da criança, mas a interação com outras
crianças contribui muito nesse processo. Sem dúvida é nessa fase que se pode
estimular o desenvolvimento de habilidades que serão aprimoradas ao longo da
vida. É importante ressaltar que não é defendida aqui a concepção de que a
criança é um vir a ser e que precisa ser preparada para o futuro, que toda a
sua infância deve girar em torno da ideia de lhe tornar um adulto melhor, muito
pelo contrario defendemos aqui as especificidades da faixa etária, a criança
como sujeito “como criadora, capaz de estabelecer múltiplas relações, sujeito
de direitos, um ser sócio histórico, produtor de cultura e nela inserido.”
(BRASIL 2006 p.8).
Por Danielle Silveira